segunda-feira, 27 de agosto de 2012

MAIS NOÇÕES DA PSICOLOGIA DO SELF


  1. A INTERNALIZAÇÃO TRANSMUTADORA - as funções desempenhadas pelos selfobjetos necessitam ser internalizadas para a cristalização do self nuclear. Identificação é o mecanismo pelo qual um sujeito assimila um aspecto, um atributo do outro e se transforma, segundo o modelo deste outro. È o mecanismo pelo qual a personalidade se constitui. O termo introjeção está intimamente relacionado à identificação e se refere a passar de fora para dentro do self, objetos e qualidades. Na obra de Kohut se usa o termo internalização transmutadora, para designar a apropriação destas vivencias com selfobjetos apropriados, que então são transformadas em funções do self em “restauração”. (Este é outro termo técnico da Psicologia do Self).
  2. OBJETOS DO SELF OU SELFOBJETOS- No jargão da psicanálise, objeto se refere sempre ao outro, a quem não é o sujeito da relação. Objetos do self são aqueles que sentimos como parte de nosso self, tanto quanto uma parte de nosso próprio corpo. Fazem parte de nós, não são reconhecidos como sendo “outro”. O controle que esperamos alcançar sobre um selfobjeto,  é portanto igual ao que esperamos obter por nossa própria mente e corpo. Não há um reconhecimento do selfobjeto enquanto uma pessoa autônoma, apesar de ser externo, pois a libido narcísica está investida neles. Implicito no conceito está a fusão primitiva com os primeiros objetos com os quais nos relacionamos, não havendo ainda a diferenciação entre eu e outro.
  3. SELFOBJETO EMPÁTICO - É aquele que se deixa idealizar, ou que reflete a grandiosidade e permite o exibicionismo natural da criança, a fim de permitir a frustração ótima e a conseqüente internalização transmutadora. Disto resulta a progressiva autonomia da pessoa, através da desidealização do objeto do self, e o começo do funcionamento das estruturas do self da pessoa, que assumem então as funções selfobjetais (exercidas desde fora do self). O self exibicionista da criança, encontrando aceitação dos pais ou substitutos, dá origem a um núcleo de aceitação de si mesmo e autoconfiança. Decorre a autoestima que formará uma capacidade de fortaleza interior nos momentos de dificuldade, bem como a capacidade de se acalmar ou de ter serenidade na adversidade.
  4. FORÇA E FRAQUEZA DO SELF - são inatas em parte, devendo levar em conta múltiplos fatores etiológicos ou causais, e não apenas acidentes isolados na vida da criança. O efeito de traumas específicos só pode ser entendido quando se levam em conta as vulnerabilidades pessoais e a multideterminação das causas. Por exemplo, uma perda parental precoce pode levar uma criança tanto à desestruturação como uma antecipação do desenvolvimento do self, na dependência dos fatores acima mencionados, A relação com selfobjetos sadios capazes de corresponder empaticamente à criança ajuda esta a atravessar o período edípico em uma situação ótima. O contrario disto, leva ao enfraquecimento do self, dependência e falta de coesão da identidade do self.
  5. A ANGÚSTIA MAIS PROFUNDA - não é a de castração, como vemos na teoria freudiana mais divulgada, e sim a de desintegração do self. No mito de Édipo, ele foi abandonado pelos pais para morrer, contou com a sorte para viver.A fase edipiana não é uma patologia, mas um estado normal do desenvolvimento humano. Mas relações bem sucedidas há estabelecimento de uma relação de amor entre pais e filhos, com confiança e compreensão nas relações selfobjetais. Sómente naquelas que fracassaram é que surgem as patologias conhecidas como edípicas.
  6. PULSÕES E ÉDIPO - Um self pouco desenvolvido ou coeso, com relações selfobjetais fracassadas, é um campo fértil para o crescimento de psicopatologias, como perversões, pertubações nas pulsões e dos relacionamentos e incapacidade produtiva. Estas vem na esteira de relações selfobjetais frustradoras,  não empáticas, que não deram chance à criança de acreditar em si mesma e ter um sentimento de estar viva. Passa então, através dos sintomas patológicos, na verdade, a buscar uma forma de diminuir a angustia de destruição e sentir que está vivo.
  7. DESINTEGRAÇÃO DO SELF - se manifesta por angústia, confusão, atordoamento, supersensibilidade à rejeição, hipocondria e depressão, com grande pertubação da autoestima. Geralmente isto ocorre após um grande trauma, quando nos desapontamos conosco mesmo ou com as figuras importantes em nossa vida (os selfobjetos não cessam que ser necessários na vida adulta conforme a Psicologia do Self sempre necessitamos de objetos responsivos e acolhedores). Os pacientes narcísicos são mais vulneráveis ao stress interpessoal e tendem a reagir com fragmentação do self aos traumas na relação empática, por pequenos que sejam.

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