quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PSICOLOGIA DO SELF III PARTE


  1. OBJETIVO DO TRATAMENTO é proporcionar coesão e integração do self. Pacientes apáticos, desvitalizados, agitados ou hiperativos são aqueles que tiveram pouca empatia de seus selfobjetos em alguma fase de seu desenvolvimento. Geralmente buscam ser estimulados de diversas formas: drogas, álcool, esportes violentos ou arriscados, etc. Outros não têm metas na vida, não sabem o que querem fazer, andam errantes pelo mundo, tentam várias faculdades, mudam de cidade ou de relacionamento, na esperança de mudança. Só que procuram no lugar errado, isto é, fora de si mesmos. Falta-lhes sentido e direção na vida. Este tipo de situação decorre de falhas no desenvolvimento da estrutura descrita como superego e ideal de ego por Freud. Na Psicologia do Self, estes dois tipos de dificuldades nos introduzem no estudo do self bipolar. Resumidamente: é composto pelo self grandioso exibicionista e pela imago parental idealizada, que veremos mais adiante do que se trata.
2.      NARCISISMO: É definido como o amor pela imagem de si mesmo. É por ser uma imagem, é uma representação, e considerado, portanto, sem ligação objetal.  Kohut propõe o desenvolvimento de uma linhagem do narcisismo que dá origem ao Self, tanto quanto o desenvolvimento da libido objetal dará origem à estrutura do aparelho psíquico. O narcisismo é um fenômeno afetivo, representante de uma imagem de si, que é vivenciada dentro de si mesmo, estabelecida em relação com vínculos significativos , não tendo relação alguma com a pulsão ou com a teoria da libido.
3.      NARCISISMO PRIMÁRIO: Os objetos não são sentidos enquanto tais, a pulsão está dirigida pelo próprio ego, isto é, toda a libido volta para si mesmo, e vai carregando progressivamente as zonas erógenas (autoerotismo).  No começo o ego é acima de tudo corporal, pois psicologicamente está fusionado com a mãe (selfobjeto).
4.      NARCISISMO SECUNDÁRIO: é quando a libido pode ser dirigida pelo ego e assim começar a investir objetos e estabelecer relações objetais; ocorrendo a satisfação ou frustração que advém das vicissitudes nestas relações. As capacidades e habilidades pessoais e o reconhecimento social passam a ser fatores importantes na regulação da autoestima.
5.      A FIXAÇÃO DAS PULSÕES – ou deficiências egoícas não são primárias nem centrais como origem de psicopatologia. É o próprio Self fragmentado, debilitado, que na tentativa de sentir-se vivo, lança mão de mecanismos patológicos para sobreviver. Distúrbios pulsionais surgem quando o desenvolvimento do narcisismo não foi bem sucedido por falta de respostas empáticas e não estabelecimento de relação empática selfobjetail. A perturbação das pulsões é portanto secundária ao Self não coeso.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

MAIS NOÇÕES DA PSICOLOGIA DO SELF


  1. A INTERNALIZAÇÃO TRANSMUTADORA - as funções desempenhadas pelos selfobjetos necessitam ser internalizadas para a cristalização do self nuclear. Identificação é o mecanismo pelo qual um sujeito assimila um aspecto, um atributo do outro e se transforma, segundo o modelo deste outro. È o mecanismo pelo qual a personalidade se constitui. O termo introjeção está intimamente relacionado à identificação e se refere a passar de fora para dentro do self, objetos e qualidades. Na obra de Kohut se usa o termo internalização transmutadora, para designar a apropriação destas vivencias com selfobjetos apropriados, que então são transformadas em funções do self em “restauração”. (Este é outro termo técnico da Psicologia do Self).
  2. OBJETOS DO SELF OU SELFOBJETOS- No jargão da psicanálise, objeto se refere sempre ao outro, a quem não é o sujeito da relação. Objetos do self são aqueles que sentimos como parte de nosso self, tanto quanto uma parte de nosso próprio corpo. Fazem parte de nós, não são reconhecidos como sendo “outro”. O controle que esperamos alcançar sobre um selfobjeto,  é portanto igual ao que esperamos obter por nossa própria mente e corpo. Não há um reconhecimento do selfobjeto enquanto uma pessoa autônoma, apesar de ser externo, pois a libido narcísica está investida neles. Implicito no conceito está a fusão primitiva com os primeiros objetos com os quais nos relacionamos, não havendo ainda a diferenciação entre eu e outro.
  3. SELFOBJETO EMPÁTICO - É aquele que se deixa idealizar, ou que reflete a grandiosidade e permite o exibicionismo natural da criança, a fim de permitir a frustração ótima e a conseqüente internalização transmutadora. Disto resulta a progressiva autonomia da pessoa, através da desidealização do objeto do self, e o começo do funcionamento das estruturas do self da pessoa, que assumem então as funções selfobjetais (exercidas desde fora do self). O self exibicionista da criança, encontrando aceitação dos pais ou substitutos, dá origem a um núcleo de aceitação de si mesmo e autoconfiança. Decorre a autoestima que formará uma capacidade de fortaleza interior nos momentos de dificuldade, bem como a capacidade de se acalmar ou de ter serenidade na adversidade.
  4. FORÇA E FRAQUEZA DO SELF - são inatas em parte, devendo levar em conta múltiplos fatores etiológicos ou causais, e não apenas acidentes isolados na vida da criança. O efeito de traumas específicos só pode ser entendido quando se levam em conta as vulnerabilidades pessoais e a multideterminação das causas. Por exemplo, uma perda parental precoce pode levar uma criança tanto à desestruturação como uma antecipação do desenvolvimento do self, na dependência dos fatores acima mencionados, A relação com selfobjetos sadios capazes de corresponder empaticamente à criança ajuda esta a atravessar o período edípico em uma situação ótima. O contrario disto, leva ao enfraquecimento do self, dependência e falta de coesão da identidade do self.
  5. A ANGÚSTIA MAIS PROFUNDA - não é a de castração, como vemos na teoria freudiana mais divulgada, e sim a de desintegração do self. No mito de Édipo, ele foi abandonado pelos pais para morrer, contou com a sorte para viver.A fase edipiana não é uma patologia, mas um estado normal do desenvolvimento humano. Mas relações bem sucedidas há estabelecimento de uma relação de amor entre pais e filhos, com confiança e compreensão nas relações selfobjetais. Sómente naquelas que fracassaram é que surgem as patologias conhecidas como edípicas.
  6. PULSÕES E ÉDIPO - Um self pouco desenvolvido ou coeso, com relações selfobjetais fracassadas, é um campo fértil para o crescimento de psicopatologias, como perversões, pertubações nas pulsões e dos relacionamentos e incapacidade produtiva. Estas vem na esteira de relações selfobjetais frustradoras,  não empáticas, que não deram chance à criança de acreditar em si mesma e ter um sentimento de estar viva. Passa então, através dos sintomas patológicos, na verdade, a buscar uma forma de diminuir a angustia de destruição e sentir que está vivo.
  7. DESINTEGRAÇÃO DO SELF - se manifesta por angústia, confusão, atordoamento, supersensibilidade à rejeição, hipocondria e depressão, com grande pertubação da autoestima. Geralmente isto ocorre após um grande trauma, quando nos desapontamos conosco mesmo ou com as figuras importantes em nossa vida (os selfobjetos não cessam que ser necessários na vida adulta conforme a Psicologia do Self sempre necessitamos de objetos responsivos e acolhedores). Os pacientes narcísicos são mais vulneráveis ao stress interpessoal e tendem a reagir com fragmentação do self aos traumas na relação empática, por pequenos que sejam.

domingo, 26 de agosto de 2012

PSICOLOGIA DO SELF



“A essência da cura analítica consiste em identificar e buscar objetos do self apropriados, tanto espelhantes quanto idealizáveis, e ter ressonância empática e ser apoiado por eles”.
“A cura é o caminho de empatia para a sintonia entre o self e os selfobjetos”
                                    Heinz Kohut


A psicologia psicanalítica do self foi formulada pelo psicanalista vienense Heinz Kohut, que emigrou antes da guerra para os Estados Unidos. Na cidade de Chicago, na época estavam Franz Alexander e Karen Horney, entre outros grandes analistas.
Com seu trabalho clínico, modificou e ampliou vários conceitos da psicanálise entre eles: o conceito de narcisismo, de empatia, de Édipo, de transferência e de cura analítica. Sua originalidade é incontestável, na forma e na conceituação, sendo seus trabalhos integrados clinica e teoricamente, com muita inspiração.
Seu trabalho nos faz ver a psicanálise sob um novo ângulo, a rever nossa experiência analítica, reexaminando a teoria da técnica e ter uma posição dialética sobre a teoria clássica de pulsão/defesa/conflito. Isto acontece pois a representação do self, e o olhar voltado sobre este “si mesmo”, passa a ser um ponto de observação central para o analista do self.
O homem não é para Kohut um ser conflituado, um joquete de pulsões instintivas, não tem um programa a ser repetido compulsivamente- como para Freud.
 É um ser que tem um destino, um programa de vida, um self nuclear que procura realizar-se e integrar-se. As patologias são compreendidas como falhas ou fracassos neste projeto de desenvolvimento do self, ou de si mesmo, e não apenas defeitos de estrutura, são mais ausência de função por falta de selfobjetos adequados. É portanto uma teoria muito mais generosa para com as dificuldades do ser humano que a Psicologia do Ego, baseada em pulsão/ conflito/ defesa.Vamos definir agora alguns conceitos fundamentais, de forma resumida:
  1. O QUE É SELF? É um conteúdo do aparelho psíquico, do qual faz parte aspectos conscientes e inconscientes de id, ego e superego. É constituído pela internalização de certas relações selfobjetais, com objetos reais (pai, mãe, avós, etc) É o núcleo operacional de nossa personalidade. O self começa a se tornar operacional como resultado da interação entre a dotação inata da personalidade individual e as respostas e relações com os objetos do self.
Outra forma de dizer a mesma coisa, é que com a divisão feita por Freud em três partes do aparelho psíquico, id, ego e superego, faltou uma parte que expressasse o ser humano inteiro; e é exatamente este “ser inteiro” que visa o termo “self”.
  1. A CURA - A Psicologia do Self não vê tornar consciente o inconsciente como a essência do processo analítico, quer dizer, não é a expansão do domínio do ego a tarefa fundamental, se bem que ela costuma acontecer.
  2. O que é importante então? Atributos como capacidade de auto-apaziguamento, o senso de continuidade do self no tempo e o papel do objeto do self em proporcionar estes atributos são valorizados. O processo de cura visa a analise das defesas e o desdobrar das transferências, e por fim, um caminho de empatia, de trocas e reconhecimento entre self e objeto de self em níveis maduros. A aquisição gradual de contato empático, de sintonia com objetos maduros do self, constitui a essência da cura analítica. Esta nova forma de encontro entre selves, ocupa agora o lugar das formas arcaicas de relacionamento. (Dependência, submissão, fusão, dominação, etc). Também se pode entender como encontrar a própria identidade, individualidade, autonomia, liberdade de ser o que é, estando em condições de estar só ou acompanhado, sem necessidade de usar o outro como objeto do self. (isto vai ser explicado mais adiante)   
  3. A EMPATIA - O analista deve resistir á tentação de enfiar sua compreensão do paciente nos moldes teóricos de sua preferência, até haver compreendido a essência da necessidade do paciente.... e só então transmitir sua compreensão. Empatia e introspecção são os instrumentos fundamentais do analista do self e delimitam um campo analítico de observação, através da capacidade de penetrar com o sentimento e o pensamento na vida interior de outra pessoa.
  4.  A FRUSTRAÇÃO ÓTIMA - Por melhor que seja a mãe, ou o analista- selfobjetos por excelência- haverá deficiências de cuidados, que propiciarão lentamente a substituição de selfobjetos por funções do self. O resultado final é um self operacionalmente autônomo. A desilusão gradual dá tempo da criança ou paciente ir desenvolvendo seu self pessoal.
  5.  Tanto excesso quanto falta de cuidados causam problemas e deficiências nas estruturas do aparelho psíquico. O conceito de frustração ótima é a pedra angular da teoria de cura da psicologia do self, e refere-se ao momento que o analista comunica uma compreensão razoavelmente precisa de uma experiência transferencial, geralmente devido a alguma expectativa frustrada do paciente em relação ao analista. A comunicação pelo analista de sua compreensão é otimamente frustrante. É frustante por que o analista não age de acordo com a necessidade do paciente, mas é ótima pois há reconhecimento e compreensão da necessidade. O vínculo empático se que estabelece entre paciente e analista substitui o atendimento da necessidade do paciente.  Obs. Os termos objetos do self e selfobjetos são praticamente sinônimos, os detalhes ficam para outro momento.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

AONDE VIVE O HOMEM ?



 No espaço amplo do pantanal, dos cerrados? nas capitais, nas cidades? Homem rural, homem urbano... homem mental, animal, sentimental... Há a necessidade de construir um local onde possa desenvolver-se, humanizar-se. Um lugar, em oposição a um espaço. Um lugar que possa conter, ou melhor acolher. Uma caverna, um ninho onde desenvolver.  Um continente é muito vasto para um quem está sendo gerado. O primeiro nascimento é físico, o segundo, psíquico. No primeiro, a parteira, no segundo, o analista. Um lugar na cidade pode conter um naco de natureza. Talvez um pequeno jardim onde tenhamos uma palmeira. Em contraponto, podemos levar um livro, ou quem sabe até um computador para o mato, e lá ter condições de escrever uma monografia. Um homem está onde está sua mente e seu coração.
O corpo, movimento e o agir por um lado; o pensar, falar, significar por outro. Entre eles, o som, o fonema. Frases que ouço com freqüência :“Não sei o que falar, Dr.”; “Vir aqui e falar não adianta nada”; “O que a gente vai fazer? Só falar...”ou então: “Falar não resolve nada...”
Escuto também: “Já estou me sentindo melhor só de ter falado isto para você.” Além do som da fala, como portador de sentido, existe um outro, de contato com outro ser humano, de beleza e de presença. É como canto da mãe para o seu bebê. Os ruídos domésticos, a água que escorre no riacho, o latido do cachorro. Eles criam um ambiente, compõem um lugar, um nicho, onde nos sentimos em casa, um sentido de pertencer. O som exprime o que ainda não encontrou significação dentro de nós. 

PERCEPÇÕES



Somos treinados para perceber somente aquilo que nos foi ensinado. Chegamos ao ponto de não ver aquilo que está fora de nossa visão de mundo. Nossa percepção se torna fixa e enxergamos o mundo de mesma forma todos os dias. Buscamos uma mudança nesta rotina, porem a mascara está tão colada em nossos rostos que não conseguimos mais retira-la.
O ego é que faz isto. Ele não é o que nos somos, não somos o ego. Ele é apenas a maquina registradora, a memória, as lembranças...Precisamos desligar o ego. Mas para isto é necessário abandonar a crença que ele é que vai cuidar de nós, e sem ele estamos perdidos, sem respostas e soluções para os problemas.
Precisamos recuperar nossa sensibilidade, nossa força de ver o novo. Mas estamos cegos para tudo aquilo que não se encaixa no que nosso ego foi preparado. Ele é como uma continuação de nossos antepassados, especialmente nossos pais.
Vamos assumir a responsabilidade pelo aquilo que pensamos e fazemos. Vamos aprender a não temer nossos sentimentos e fugir ou ser levado por eles como uma folha ao vento. Devemos agir, escolher, e decidir o que fazer. Colocada esta meta, agora mãos à obra.

TREINAMENTO AUTÓGENO


TREINAMENTO AUTÓGENO - O Repouso Psicossomático

                                               Dr. Paulo Borges


É um treinamento que tem origem a partir de si mesmo. Isto quer dizer que a partir de exercícios focados nas percepções do corpo, vamos nos treinar para alcançar um estado de equilíbrio,tanto físico quanto emocional. Vamos aprender a desligar e relaxar.

Este treinamento permite a auto-sedação ou tranquilização, o controle de situações emocionais, o desenvolvimento da própria capacidade de acalmar-se, a recuperação do desgaste e do stress, a modificação das próprias senso-percepções. Além disto favorece o desenvolvimento da persistência, do ritmo e do autodomínio. Este processo de aprendizagem auxilia na regulação vasomotora, controle de ansiedade, introspecção de si mesmo e afloramento de memórias.

A base do treinamento é o relaxamento físico e mental. O relaxamento leva a uma série de modificações fisiológicas, como diminuição do tônus muscular, da freqüência cardíaca e respiratória. Há redução do metabolismo e da atividade elétrica de nosso cérebro, surgindo ondas lentas (alfa e teta). Há uma redução natural da atividade do sistema nervoso simpático, sem necessidade de recorrer a medicações.

O estado de calma não pode alcançado através do esforço! Deixe ir surgindo uma atitude passiva, observando o corpo e as sensações que surgem na mente sem usar a vontade para alcançar o objetivo. Devemos aprender a ser expectador de nós mesmos, como se víssemos nosso corpo a partir de fora e também dentro.

A força de vontade deve ser utilizada somente para duas ou três vezes ao dia lembrar de fazer o treinamento. Depois a deixe de lado e faça por 10 ou 15 minutos o treino. Só passe para a fase seguinte depois de ter treinado pelo menos duas semanas e ter dominado a fase anterior. Agora, deitado ou sentada confortavelmente, em um local silencioso, com a mente neste estado de entrega passiva, vamos fazer o primeiro exercício.


1. Exercício do Peso

Feche os olhos lentamente neste estado passivo em que se colocou. Comece a sentir peso no braço direito e diga para si mesma a formula:
 “Braço direito pesado” comece perceber o peso do braço solto. É importante que você Rb ealmente sinta o peso, e não apenas “pense” na palavra peso. Repita 3 a 5 vezes vagarosamente.
 Alcançado esta etapa, de sentir o peso, repita mentalmente:
  “Eu estou em Paz” ou “Eu vou descansar” conforme preferir.

Agora, você pode passar a usar estas mesmas fórmulas para o restante do corpo:
Braço esquerdo, e então ambos os braços; perna direita, perna esquerda, ambas as pernas, e então corpo pesado. Descanse um pouco.
Para terminar, faça a retomada, que consiste em respirar mais profundamente, dobrar os braços energicamente, mexer as pernas e abrir os olhos. Pronto!
 


2. Exercício do Calor

Depois de relaxar os músculos com o treino anterior, com o treino do peso, passaremos a relaxamento do sistema vascular, através do exercício do calor. O processo é idêntico ao exercício anterior, é uma continuação dele, da seguinte forma: concentramo-nos novamente no braço direito e procuramos passivamente sentir o calor. Na seqüência vamos generalizando para todo o corpo.

Então a seqüência do exercício fica assim: satisfeita a regra do ambiente tranqüilo, do vestuário que não aperta, na posição deitada ou sentada, olhos fechados, em estado de calma, realizamos o exercício 1, que consiste em sentir peso da forma descrita.

Terminada esta etapa, imediatamente voltamos ao braço direito e recomeçamos com a formula, que agora fica assim: “Braço direito quente”, que é repetido 3 a 5 vezes, e então mentalmente repetimos: “Eu estou em paz, eu vou descansar”.

Uma vez alcançada a sensação de calor, passamos ao braço esquerdo e mentalizamos as formulas. Generalizamos então para ambos os braços, e ambas as pernas e o corpo, até sentir realmente o calor e a calma. Repousamos alguns minutos e então fazemos os exercícios de retomada, isto é, respirar fundo, mexer braços e pernas e abrir os olhos.

Se a sensação de calor for demais, devido ao nosso clima tropical, podemos adotar “corpo agradavelmente quente”, ou “ temperatura do corpo agradável”, como alternativa. Para facilitar alcançar a sensação, podemos imaginar nosso corpo mergulhado em água morna.

Com este exercício pretendemos melhorar nossa circulação sanguínea, melhorando o fluxo de sangue por todo o corpo, através de uma vasodilatação mediada pelo sistema nervoso autônomo.


3. Exercício da Respiração

A respiração é a base da vida, e está profundamente ligada às nossas emoções. Não devemos influir no ritmo da respiração, apenas observar a inspiração e a expiração em seu ritmo natural. A fórmula a ser repetida, após ter alcançado as etapas anteriores, é: “A respiração é calma” e depois, quando ver que está mais relaxado, “A respiração é calma e regular”. Não se impor um estado artificial de calma, mas realmente ir deixando as preocupações, e tudo que acontecer está certo, até que chegue ao ponto de sentir “É meu corpo que respira”, indicando que você se tornou observadora de seu próprio corpo. Continue respirando calmamente, e repetindo as formulas “A respiração é calma, regular” e “Estou perfeitamente calmo e relaxado”. Conclua o exercício como de costume, isto é, mexendo as mãos, pés e depois abra os olhos (fase de retomada)


4. Exercício do Coração

Após ter alcançado as etapas anteriores, vamos continuar nosso treinamento com esta quarta fase. Como de hábito, escolha um local tranqüilo, solte a roupa se estiver apertada e deite-se em uma posição confortável. Feche os olhos. Fique tranqüila e comece o exercício do peso, depois do calor e então o da respiração. Continue então, prestando atenção na região de seu coração, e se desejar, pouse suavemente a mão na região do coração e diga para si mesma “Meu coração bate calmo” diversas vezes ou então “Meu coração bate calmo e regular”. Então repetimos a formula “Estou perfeitamente calmo e relaxado”.
O coração geralmente é sentido como um lugar onde as emoções se refletem imediatamente. Com este estado de calma induzido através do treinamento autógeno, procuramos influenciar nossa mente e nosso corpo em conjunto para entrar em um estado de tranqüilidade, calma e passividade, onde nosso eu não faz esforço algum, apenas observa o corpo, inicialmente a sensação de peso do corpo é conscientizada, depois o calor corporal, então a  respiração que entra e sai, nutrindo todas as células e então chegamos ao coração. 
O exercício termina com a fase de retomada habitual.


5. Exercício do Plexo Solar

O plexo está localizado entre o umbigo e as costelas logo acima.  Repetimos a formula, agora dizendo “Plexo solar quente”, ou “Plexo solar irradiando calor” por 4-5 vezes. Nesta região estão localizados os gânglios celíacos, de onde partem fibras nervosas autônomas que inervam diversas vísceras da região epigástrica, como estomago, fígado, pâncreas, baço, rins, glândulas suprarenais e partes do intestino. Logo se pode notar que o equilíbrio funcional simpático/parassimpático, é fundamental para o perfeito funcionamento destes órgãos.   
Esta quinta parte vem logo na seqüência das anteriores, só que em lugar de encerrarmos o exercício no coração, damos agora continuação, passando a sentir a região abdominal referida.
Na seqüência, dizemos “Estou perfeitamente calmo”, ou “Eu estou em paz, eu vou descansar”. Pode ser de auxílio nesta fase colocar uma bolsa de áqua quente sobre o abdomen, o que traz muito bem estar. Podemos então dizer “Abdomen quente”.
É importante ressaltar que podemos visualizar imagens que nos auxiliem a entrar neste estado, como por exemplo imaginar-se perto de uma lareira, ou tomando banho de sol na praia.
O exercício termina com a retomada, como já descrito anteriormente.


6. Exercício da Fronte

Com este exercício concluímos o treinamento autógeno. Com os exercícios anteriores nosso corpo foi ficando agradavelmente pesado e quente, a respiração e o coração ficaram regulares e suaves, sentimos uma agradável sensação de calor no abdômen e nosso corpo repousou, eliminando toda a tensão muscular e psicológica. Agora percebemos uma separação entre corpo pesado e cabeça leve, assim dizemos “Minha fronte está fresca” ou “Minha cabeça está leve”. Repetimos por 4-5 vezes e então “Eu estou perfeitamente calmo” ou “Estou em paz, vou descansar”.
Não se deve pensar em cabeça pesada, e sim leve, não é quente nem gelada, e sim fresca. “Minha fronte está agradavelmente fresca”, e podemos imaginar uma suave brisa, ou mesmo colocar um algodão umedecido nos olhos para auxiliar o relaxamento.
O exercício termina com a retomada, como já descrito anteriormente.