terça-feira, 13 de março de 2012

O EU E O CORPO

Neste mundo de dualidades, até mesmo a consciência foi dividida, isto é separada em consciente e inconsciente. A consciência neste mundo é corporificada, não existe sem estar em relação com um corpo. Além do corpo, da consciência, temos também o eu, o ego, o self, isto é, o que não é outro. O ego,  o que achamos ser nós mesmos,  é um programa preparado pela sociedade, pelos pais, por nossas percepções corretas ou errôneas. Em teoria pelo menos, o ego pode ser mudado, a mudança psíquica é possível em principio. Mas nosso problema, no mundo de hoje, não é somente discutir se dá para fazer mudanças psíquicas, e sim se o ego existe, se sua existência é real, ou temos este tempo todo discutido sobre algo que ouvimos dizer que deveria existir.
Qual a relação entre o ego e o corpo? É o ego antes de tudo corporal como diz Freud ou ele é uma camisa de força sobre o corpo, que sofre com suas influencias e tensões? Quando à existência do corpo, esta não discute, mas vou discutir aqui a existência do ego. Se o ego for antes de tudo corporal, qual a relação do inconsciente com o corporal?  Conseguimos adquirir consciência tornando-nos conscientes do corpo?  Seria a consciência antes de tudo corporal?
È difícil imaginar o que sobra como sendo “eu” após retirar a influencia cultural e a educação que incide sobre a pessoa. O ego é o resultado desta programação, através de um processo de identificações com os pais e a família. Retirado estes modelos, o que resta de “eu”? Da fonte límpida de nossa experiência e vivencia pessoal, no tríplice aspecto físico-emocional-mental,deveria jorrar a nascente do nosso verdadeiro eu.  Mas esta fonte anda atrofiada, quase nada dela nasce, pois pouquíssimo é efetivamente transformado em idéias próprias. Já foi descrito por vários autores os nefastos efeitos da sociedade de massa sobre os seres humanos.
A maior parte do que chamo “eu” é formado de pensamentos que não são nossos, sentimentos gerados no calor das sensações; outra parte pela autoridade de quem falou e outro tanto por ouvirmos dizer-e tudo isto aceita sem maior reflexão. Chega-se até ao absurdo de acreditar por que foi o outro que disse, enquanto desacreditamos de nossas próprias conclusões, às quais não reconhecemos validade.