1.
FALHA BÁSICA – é
a falta de coesão nas estruturas do Self, devido a uma dissociação nos polos do
Self, ocasionando instabilidade nos objetivos pessoais e falta de rumo na vida A saúde consistiria em um equilíbrio entre o
Self Grandioso e a Imago Parental Idealizada (que são os pólos do Self, também
denominado Self Bipolar), possibilitando a expressão dos talentos, capacidades
e habilidades nas relações Selfobjetais e nas atitudes pessoais durante a vida.
(Para definição dos termos desconhecidos, procure neste blog os textos sobre
Psicologia do Self)
2.
QUADROS CLINICOS COMUNS EM PACIENTES NARCÍSICOS –Todos
os sintomas listados abaixo são devidos a dificuldades na constituição do self,
que apresenta a falhas básicas em sua estabilidade. São problemas sexuais como
perda ou excesso de desejo sexual ou fantasias perversas. Problemas sociais,
inibições ou exibicionismo; incapacidade ou falta de satisfação profissional ou
nos relacionamentos amorosos. Incapacidade de relaxar, repousar e dormir em
paz. Perda de humor, mal humor, falta de empatia com outros, desrespeito,
descontrole emocional, instabilidade nos relacionamentos. Mentiras, delitos,
preocupações hipocondríacas ou vegetativas, automutilações. Incapacidade de
lidar com dificuldades ou desilusões. Sentimento de vazio, falta de objetivo,
desinteresse, falta de prazer. Conduta de risco, promiscuidade sexual. O corpo
reflete a fragmentação do self através de incoordenação motora, movimentos
desajeitados, andar trôpego, tom de voz, pois há uma íntima conexão entre o
self corporal e self nuclear.
3.
PERTURBAÇÕES NARCISICAS DA CONDUTA – apresentam
sintomas mas graves, que afetam profundamente o relacionamento com as pessoas,
como é o caso das perversões, delinqüência e violência extrema, abusos de
drogas, tentavas de suicídio, transtorno alimentar, etc. É a passagem ao ato
através de comportamentos impulsivos ou compulsivos com dificuldades de
neutralizar as pulsões agressivas ou libidinais que determina a gravidade, bem
como as conseqüências sociais ou para si mesma. Nestes casos há um alto nível
de autoagressividade, que não encontra dentro do self condições de
metabolizá-la. Como também nos mostra Kohut, é uma forma de se sentir que esta
vivo, quando se tem uma vivencia interior de self fragmentado e correndo o
risco de destruição. Estes comportamentos graves seriam deformações do desejo
de sentir-se vivo e tentativas desesperadas de não enlouquecer (fragmentação do
self).
4.
O NARCISISMO segue uma linha de desenvolvimento
independente da libido objetal. As neuroses podem ser uma forma da pessoa lidar
com alterações narcísicas mal resolvidas, de acordo com a Psicologia do Self.
Estados de fragmentação do Self são cobertos por estruturas defensivas ou
compensatórias. Estrutura compensatória é quando um pólo do self é danificado e
a criança tem uma segunda oportunidade desenvolvendo o outro pólo ou
estabelecendo relações com outros selfobjetos (pessoas significativas). A
obtenção desta estrutura está na categoria de saúde mental (resiliência).
As estruturas compensatórias podem ter matizes neuróticos, psicóticos ou
perversos, em geral, com a características de ser transitórios, mutantes,
variando muito de acordo com o momento, e não são fixos, como acontecem quando
são estruturais. Estrutura defensiva é, por exemplo, quando uma personalidade
esquizóide emprega o distanciamento emocional para regular a angustia, ou
quando uma personalidade paranóide emprega a hostilidade ou a desconfiança para
se protegerem da fragmentação do self.
5.
AS TRANFORMAÇÕES NO NARCISISMO– A evolução da linha de
desenvolvimento do narcisismo nos conduz ao uso de nossas capacidades e ao estabelecimento
de relacionamentos com pessoas significativas e à satisfação. O self grandioso e o exibicionismo arcaico se incorporam
às ambições e propósitos da personalidade, e há um sentimento positivo de
sustentação em direção ao sucesso, através de atividades adaptadas à realidade
e socialmente aceitáveis. (Este é o pólo das ambições do self bipolar). O poder
do self grandioso e da imago parental idealizada, anteriormente formidável e
dominante na vida interior da pessoa, (agindo muitas vezes como um torturador
interno), não o é mais, e agora, tem um sentido de proporção realista do que é
possível fazer, e o self se liberta deste domínio imperioso. A imago parental
idealizada, assim suavizada, passa a ter um papel apoiador e sustentador no
desenvolvimento dos objetivos e ideais da pessoa. (Polo dos Ideais do Self
Bipolar)
6.
A IMAGO PARENTAL IDEALIZADA – é neutralizada e torna-se
parte de uma função de canalizar impulsos do self. A psique tem capacidade de
utilizar as funções controladoras do self, fortalecendo a crença da pessoa em
suas habilidades, propiciando uma fonte de aprovação interna. Geralmente os
pais daqueles que vem a sofrer distúrbios do self, são isolados de seus filhos,
e pouco respondem às necessidades afetivas deles, ou demonstram interesse em
participar de suas brincadeiras infantis. Em outras ocasiões, parecem ser
íntimos, mas é enganoso, pois apenas usam a criança como selfobjeto para suas
necessidades, e não em uma relação objetal verdadeira com seus filhos.
Por isto quero dizer, uma relação onde estes são vistos pelo que são por
si mesmos, reconhecendo as necessidades
emocionais deles, sem ter de ser como os pais desejariam que estes fossem. Esta
falta de empatia conduz estas crianças a uma privação emocional, e da sadia experiência
de seu exibicionismo natural. A busca de aprovação é frustrada, assim como suas
necessidades de idealização e relação com um objeto admirado e amado... Tudo
isto redunda em um fracasso de internalização de estruturas sadias do self, que
não se torna apto para lidar com as complexas questões que a vida apresenta a
quem vive neste mundo.
7.
EMPATIA – é necessário que o analista tenha capacidade
de usar a atitude empática, dependendo da tarefa analítica do momento. Não
conseguir empatizar, ou empatizar em excesso são prejudiciais, pois o analista
deve poder observar esta posição de observador/participante através de uma
capacidade de auto observação do que acontece no campo analítico. Apesar do
desejo de estar em contato com paciente o analista pode sentir-se dolorosamente
invadido pelos estados mentais do paciente (devido ao perigo de
indiferenciação), podendo levar a possibilidade de passagem ao ato (acting-out),
ou seja, pelo medo de submissão ou dominação, que haja descargas sexuais ou
agressivas. Isto é mais provável de ocorrer, paradoxalmente, à medida que o
analista vai se tornando mais consciente que tem emoções e reage ao analisando,
e este vai sentindo que a proximidade do analista como uma ameaça.