sexta-feira, 26 de abril de 2013

CRISE DE IDENTIDADE


Crise não é catástrofe, isto é, uma situação de destruição. Refere-se a uma situação onde há um conflito a respeito de qual direção tomar. Todos nos temos de fazer escolhas a respeito de nossa identidade sexual, nossa profissão e muito mais. Crise é esta encruzilhada, onde temos de tomar uma decisão. Que responsabilidade, pois a diferentes resultados chegaremos.
2.       Identidade refere-se a: identificações, habilidades e capacidades, mais papéis sociais. É como se fosse um programa de computador. Uma vez instalado, ele vai continuar funcionando daquela forma, até que seja deletado.  Nossa personalidade é assim, ela tem uma persistência no tempo, na qual determinadas características se repetem habitualmente. Inclui o que chamamos de personalidade. É um conceito bifronte, pertencente à psicologia social. Temos por um lado o temperamento da pessoa, sua constituição genética, com suas habilidades físicas e mentais, além de suas capacidades. Tudo isto em grande parte é inato. Já o papel social é determinado de acordo com a classe social, educação, sexo, casamento, filhos, profissão, etc. articula-se com estes aspectos mencionados mecanismos de identificação. Este mecanismo psicológico contribui para a modelagem de nossa identidade através da incorporação de pessoas importantes. Por exemplo, os canibais acreditavam que adquiriam a força de um guerreiro comendo-o. É precisamente isto que ocorre na identificação, onde psicologicamente ingerimos as características de pessoas admiradas em fases precoces de nossas vidas. Daí a importância da mãe, do pai, dos irmãos e da família em geral.
3.       Crise ou confusão de Identidade refere-se principalmente ao período que ocorre na adolescência. Porém podemos ter uma crise de identidade em qualquer época de nossa vida.  Não é uma entidade diagnostica, descreve um distúrbio durante uma fase do desenvolvimento humano. Geralmente é uma situação aguda,  ou pelo menos seu inicio é agudo. A pessoa esta exposta a fatores stressantes, a experiências que exigem dela mais do que esta pronta para responsabilizar-se, seja por imaturidade, doença ou fragilidade constitucional. Nestes momentos, podem sobrepor-se duvidas, conflitos, sobre a identidade sexual, a escolha ocupacional, a função psicossocial. Alem do mais, creio ser parte integrante da crise a dificuldade da pessoa lidar com a angustia e o medo, geralmente associados à destruição do senso de eu, ou do medo de enlouquecer. Duas dificuldades chamam a atenção: a incapacidade de acalmar-se por si mesma, e a de ter intimidade ou estabilidade em uma relação significativa com o outro. Está tão imersa em suas dificuldades, que o outro só pode entrar como apoiador, em um papel materno ou paterno.  Sintomas como ataques de ansiedade, pânico, insônia, tonturas são os mais comuns. Fisicamente a pessoa se sente muito sem forças, tensa. Psicologicamente regride a fases mais antigas do desenvolvimento, voltando a querer atenção e cuidados, como se fosse uma criança pequena.  Na crise de identidade as fronteiras do self se borram, e há medo de que os envolvimentos afetivos sejam perigosos, (pelo receio de ser engolfado pelo outro). Eis um dilema: precisar e temer o outro. Só, teme a destruição e necessita apoio externo humano; junto teme ser dominado, subjugado, correr o risco de ser desintegrado. Isto leva o jovem a um distanciamento das pessoas que poderiam apresentar o risco de haver envolvimento. Daí, a agressão, como defesa do próprio eu.  O Jovem quer aprender, ter um pai, um professor, um modelo, geralmente idealizado, como são seus heróis(cantores, artistas). Quer estar próximo a estas figuras e as copia, para identificar-se com elas. Mas há uma sensibilidade à rejeição, ou medo, que leva ao distanciamento fóbico, como uma forma de defesa. Faz parte ainda da crise uma urgência temporal(quer tudo agora) Eis aqui o exemplo de um jovem magro, de família de classe media, sente-se feio, tem baixa autoestima, e coloca como valor Maximo o dinheiro. Passa então a exigir de seus pais que invistam 30 mil reais para fazer uma distribuição de roupas, na qual se enriqueceriam. Isto é abordado na terapia, a saber, o desejo de sobrepujar os penosos sentimentos de inadequação e fraqueza, através da riqueza, sem ter de elaborar suas imagens negativas e as imagos de seus fantasmas internos. Enquanto isto,ele falha em fazer o que está ao seu alcance, por exemplo, ir à escola ou fazer esporte, apresentando uma dificuldade de executar as tarefas reais que poderiam auxiliar, desperdiçando suas energias em internet (dificuldade executiva).
4.       Com relação à identidade sexual, interessa distinguir entre meninos e meninas diferentes formas de lidar com esta questão. A menina tem uma vivencia corporal mais marcada que o menino, principalmente pela vinda da menstruação, que coloca o corpo em evidencia, e todas as sensações dolorosas que daí advém, com a possibilidade de engravidar, em um momento que a mente ainda não está pronta. A consciência corporal da mulher leva-a a ter um maior contato com as emoções, maior conexão com o tempo, advinda pelo ritmo menstrual, e uma forma física de lidar com o stress. A dor da mulher é interna. Daí a importância da aparência para a menina, que se baseia no uso do corpo para ser aceita e amada. Já com o rapaz, acontece uma luta dirigida ao mundo externo para provar seu valor. A dor do menino é uma dor de um mundo doloroso, onde ele tem de conquistar seu valor para ser homem. Isto nos leva a refletir o porque 80% dos usuários de droga são do sexo masculino.  Para ser mulher de certa forma, é um dado pelo seu corpo. Para ser um homem, não basta o corpo, é necessário uma conquista a ser realizada no mundo. 

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